Salário digno para os profissionais de Enfermagem

Projeto de Lei 2573/2011, que fixa pisos salariais para Enfermeiros, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiras. Altera Lei 7.498/86, que regulamenta o exercício da Enfermagem. Projeto de Lei 4924/2009, que fixa pisos salariais para Enfermeiros, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiras. Altera Lei 7.498/86, que regulamenta o exercício da Enfermagem.

domingo, 24 de abril de 2011

FALTOU FALAR DA RESPONSABILIDADE DAS ENTIDADES NA LUTA PELAS 30 HORAS

FALTOU FALAR DA RESPONSABILIDADE DAS ENTIDADES NA LUTA PELAS 30 HORAS



No evento que aconteceu no PROCAPE/UPE no último dia 18 de abril, os profissionais participaram do Dia de Mobilização da Enfermagem Pernambucana pelas 30 h semanais.

O evento foi oportuno e grandioso, contando com a presença de entidades estaduais e de palestrantes do Conselho Federal de Enfermagem, que discorreram acerca de temas de interesse para categoria.

Reforço minha opinião emitida em artigo anterior, acerca da importância fundamental que esse tipo de evento representa para nossa categoria. Visto que com a pecha de categoria desunida e despolitizada, seguimos aceitando os pejorativos adjetivos, que nós mesmos nos colocamos, fortalecendo assim o espírito segregacionista e imobilizador que nos acomete enquanto classe.

Dessa forma, entendo que eventos dessa natureza, só vem a fortalecer nossa categoria enquanto classe. Ampliando horizontes, abrindo a possibilidade do despertar do sono eterno no qual parecemos perecer.

O touro adormecido que somos, parece querer acordar (mesmo com forças ocultas tentando nos fazer adormecer) e a cada oportunidade como esta do evento, percebo que mais e mais eventos dessa natureza se fazem necessários, considerando que a cada evento, um público a mais pode ser conquistado. E a cada profissional a mais que comparece, se esclarece, dialoga, se politiza e reflete conquista-se mais um guerreiro pra levantar nossas bandeiras – que não são poucas.

Os temas abordados no evento foram pertinentes. Destaco a palestra do Dr. Gelson Albuquerque (professor do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina e Conselheiro Federal de Enfermagem), no que tange a contextualização da luta histórica da enfermagem pela aprovação da carga horária semanal de 30 horas para os profissionais de enfermagem.

O Dr. Gelson apresentou dados novos com o perfil atual dos profissionais de enfermagem do país, apresentando números com extratos por estado e panorama nacional. O Dr. Gelson fez o retrospecto histórico da luta pela regulamentação da carga horária, lembrando em especial os momentos mais recentes, quando a categoria, mais aguerrida, aderiu de maneira mais objetiva à luta.

Entretanto quero registrar meu desacordo com o posicionamento do Dr. Gelson, quando se referiu ao evento ocorrido em Brasília em abril do ano passado. O Dr. Gelson considerando o embate ocorrido no plenário, quando instigados por posicionamento equivocados e agressivos de alguns parlamentares, os profissionais de enfermagem presentes ao plenário, sem poder esboçar reações verbais, deram as costas ao plenário após fala do deputado Carlos Willian (PTC-MG).

O Dr. Gelson teve razão ao considerar que a atitude dos profissionais presentes, em nada colabora com a luta em tela, que não é estratégica, não tendo sido assim, pertinente naquele momento. O Dr. Gelson entretanto, para ser justo e coerente com sua fala, mandatoriamente necessitaria contextualizar os fatos.

Antes de criticar os profissionais, precisaria enfatizar o grau de desorganização daquele 13 de abril por parte das entidades. Sem nenhuma comissão organizadora, o ato aconteceu à reboque dos próprios profissionais, que em um aglomerado de muitas caravanas, por si só já se faziam movimento. Em momento algum NENHUMA entidade nacional (como acredito que deveria ser) tomou as rédeas da organização daquela multidão. Cada entidade que tomasse o microfone ao seu tempo e que fizesse sua fala à revelia de comando algum.

Não havia roteiro de atuação, não havia aparentemente NENHUMA estratégia traçada pras ações daquela mobilização. E dessa forma, os profissionais se espalharam pela câmara cada um com seus respectivos grupos, tomando as decisões que lhe saíssem da cabeça. Um verdadeiro desperdício de tempo e dinheiro, visto que muitas ações organizadas naquele dia poderiam ter sido tomadas se houvesse um comando nacional organizado conduzindo aquele grupo fantástico que se deslocou à Brasília.

Assim, com essa fala, não faltarão falas pra me contradizer e informar que a posição da crítica é confortável. Entretanto, a crítica feita aqui não tem o intuito destrutivo, o que quero apenas é colaborar. Porém a verdade tem de ser dita de maneira completa e faltou por parte do Dr. Gelson esse registro: as entidades representativas não souberam tomar as rédeas daquele 13 de abril.

E vou além: enquanto um comando nacional não for criado com nomes definidos e estratégias focadas, a impressão que tenho é a mesma que a maioria dos trabalhadores da enfermagem têm: de que não avançaremos de maneira objetiva.

O Dr. Gelson foi enfático ao responder uma pergunta de um dos presentes no evento, sobre o que as entidades tem feito. Ele respondeu que as entidades tem feito muito. E inclusive aproveitou pra chamar os trabalhadores da enfermagem pra responsabilidade de se fazerem co-autores dessa luta. No que de minha parte tem pleno acordo: os profissionais não podem permanecer deitados em berço esplêndido aguardando que meia dúzia de representantes carreguem sozinhos a luta nas costas. Entretanto as entidades não podem se absterem de guiarem as lutas.

Sinto falta das entidades mostrando as estratégias, seguindo juntas um mesmo script, acabando com essa estratégia falida de conseguir-se encontros isolados. Precisamos mostrar a união, tomarmos decisões conjuntas. Os sites das entidades precisam ter um comando único, todas mostrando qual o caminho, qual a nova estratégia, orientando os trabalhadores interessados em colaborar.

Afinal, todos os profissionais precisam fazer suas partes, porém qual a estratégia mais importante agora? Qual o caminho mais viável? De que forma essa luta deve ser conduzida? São os trabalhadores que tem que definir isso? Cada um ao seu entendimento?

Entendo que está faltando algo nessa lógica. Ainda há o que ser feito por todos. Entretanto da mesma forma que não cabe aos profissionais jogarem a responsabilidade no colo das entidades, também não cabe às entidades se omitirem de suas funções e ficarem aguardando que cada profissionais isoladamente tome condutas particulares nessa luta. A estratégia precisa ser traçada e se já foi, é necessária uma ação conjunta de divulgação e mobilização da classe.

Penso que um encontro nacional dos conselhos (COFEN e CORENS), associações (ABEN Nacional e regionais) e sindicatos (FNE e sindicatos de enfermeiros e técnicos de enfermagem) com a temática levantada sendo: as lutas contemporâneas da enfermagem e uma montagem nacional de estratégias seria algo formidável.

Quando as entidades mostrarem essa disposição estratégica, quando ficar claro que a visibilidade política de uma ou outra entidade é menos importante que a vitória pra categoria, acreditarei fortemente que sairemos vitoriosos dessa e de outras lutas. Enquanto continuar como está, o otimismo e fé da categoria permanecerá nublado.

Mas retomando o fio da meada pra finalizar: o evento foi muito proveitoso e positivo. Parabéns a todas as entidades envolvidas na organização pela iniciativa!
 
Fonte: Enfermagempernanbucana

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