O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Bagé (SESSB) está reivindicando mudanças que seriam aplicadas a partir do dia 1º de maio, na carga horária e nos turnos de alguns funcionários do hospital Santa Casa de Caridade de Bagé.
Segundo a presidenta do sindicato, Maria Conceição Caldeira dos Santos Prestes, o hospital modificará a carga horária de funcionários da portaria, do setor de higienização, nutrição e das técnicas em enfermagem. Os funcionários passariam a trabalhar uma noite sim, outra não.
- Eles querem mudar um direito adquirido desde 1988, que determina trabalhar uma noite e folgar duas. As mudanças estão sendo feitas de forma ditatorial e coercitiva, relata Maria.
Ela diz que muitas técnicas em enfermagem que trabalham no bloco cirúrgico da Santa Casa foram ameaçadas, pelas enfermeiras responsáveis do setor, de serem demitidas por justa causa se não aceitassem a troca de turnos e o aumento da carga horária.
- Muitas funcionárias trabalham há mais de 20 anos no turno da noite. Até por que tem outros empregos durante o dia e estão sendo ameaçadas de demissão, caso não aceitem as mudanças.
Maria Conceição reclama que o hospital não chamou o sindicato para discutir as mudanças e que quando tentaram marcar uma reunião com o mantenedor da Santa Casa, médico Luiz Alberto Corrêa Vargas, não foram atendidos.
Maria Conceição reclama que o hospital não chamou o sindicato para discutir as mudanças e que quando tentaram marcar uma reunião com o mantenedor da Santa Casa, médico Luiz Alberto Corrêa Vargas, não foram atendidos.
- Marcamos a reunião e ele não apareceu, ficamos esperando mais de duas horas por ele.
A presidenta conta que muitas técnicas de enfermagem relataram para o sindicato que estão sofrendo assédio moral por parte das enfermeiras.
- Muitas profissionais vieram até o sindicato para se queixarem de assédio moral. Elas relatam que foram chamadas de "relaxadas" e que as enfermeiras gritam com elas dentro do bloco obstétrico.
A técnica em enfermagem, Suzi Barbosa da Silva, que estava na reunião em que as funcionárias teriam sido assediadas moralmente, confirma que as funcionárias foram chamadas de relaxadas e que foram ameaçadas.
- A enfermeira Letícia (umas das responsáveis pelo setor de obstetrícia) ameaçou as funcionárias de serem demitidas, caso não concordassem em mudar de horário.
Ela alega que não foi dado o direito para que nenhuma funcionária se manifestasse durante a reunião.
- Ela não deixou a gente falar e tudo que era dito era contido de forma agressiva pela Letícia.
Quanto à limpeza da sala, motivo pelo qual as técnicas teriam sido acusadas de falta de higiene, Maria Conceição explica que ocorre é falta de funcionários suficientes para fazer a limpeza do local, que conta com apenas uma funcionária para limpar todo o hospital durante a noite.
Sobre as acusações de assédio moral relatadas pelas técnicas de enfermagem do bloco obstétrico, o sindicato diz que já está tomando as medidas cabíveis e que recorrerá à Justiça para resolver esses casos.
O outro lado
Sobre o não comparecimento na reunião marcada com o sindicato, o mantenedor do hospital, Luiz Vargas, informou que não foi porque é muito ocupado, mas que outra reunião já está marcada para esta quinta-feira, 28 de abril.
Quanto a esse novo encontro, a presidenta do sindicato diz que não tem esperança que ele compareça, que o sindicato se sente muito desprestigiado por não ter sido chamado a participar e debater essas novas mudanças.
A responsável pelo setor de enfermagem da Santa Casa, Céres Prates, afirma que foi pensado fazer mudanças na carga horária e mudanças de turnos. Porém, elas não foram concretizadas porque o setor jurídico do hospital afirmou que modificações na carga horária não são cabíveis, pois existe um acordo que certifica que os funcionários devem trabalhar uma noite e folgar duas.
Quanto à mudança de turno, também foi verificado um impedimento pela parte jurídica do hospital. Portanto, a responsável pelo setor de enfermagem afirmou que as modificações não vão ocorrer.
Conforme Céres, os horários teriam sido pensados em um único setor, que seria o caso do bloco obstétrico para que a equipe rendesse mais, já que existem reclamações de que alguns funcionários não estariam fazendo o seu trabalho adequadamente. E como o hospital prima pelo melhor atendimento, pensou em mesclar as equipes para tentar superar esses entraves e oferecer mais qualidade nos serviços oferecidos aos pacientes.
Ela também diz que o caso tomou uma proporção desmedida e que tudo aconteceu por um alarde feito por uma funcionária do bloco, sindicalizada, que teria espalhado que as mudanças seriam em todo o hospital. O que a enfermeira nega.
Sobre o assédio moral, Céres acredita que não foi o que aconteceu e diz que a enfermeira que fez a reunião no bloco obstétrico teria dito que os serviços estavam desleixados, mas que as funcionárias não teriam sido chamadas de relaxadas.
- As enfermeiras têm todo o direito de falar com a sua equipe e de pedir que eles melhorem, sem que o sindicato tenha que intervir nisso.
Céres Prates diz que as medidas que forem possíveis de serem aplicadas, para melhorar a qualidade de atendimento, serão tomadas de forma legal e dentro do que permite o setor jurídico do hospital.
Fonte: folha do sul gaúcho.
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