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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pesquisa desenvolve padrão de peso para recém-nascidos brasileiros


Um bebê que nasce no Rio de Janeiro com 3,8 kg pode ser considerado grande pelo padrão americano de peso ao nascimento, em vigor tanto no Brasil quanto em diversos outros países. Da mesma forma, um recém-nascido carioca com 2,280 kg pode não ser exatamente um prematuro, que precise de cuidados neonatais. Avaliar bebês brasileiros pelo padrão americano – que é a atual referência usada no Brasil – não leva em consideração as características de uma população multiétnica como a nossa. Isso, no entanto, começa a mudar.
De posse das informações contidas no banco de dados referentes a nascimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), os pesquisadores Elaine Sobral da Costa, do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), hospital pediátrico universitário ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Carlos Pedreira da Faculdade de Medicina e do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação em Engenharia e Pesquisa (Coppe), da UFRJ, e Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ; Sylvia Porto, do Hospital dos Servidores do Estado (HSE) e também do IPPMG; e Francisco Carlos Pinto, da Universidade Federal Fluminense (UFF), traçaram um novo padrão de avaliação de peso esperado pelo tempo de gravidez, específico para a população brasileira. O estudo – que também é o mais abrangente feito no mundo até agora, por trabalhar os dados de 8 milhões de nascimentos no País entre 2003 e 2005 – ganhou o prêmio Nicola Albano, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), como o melhor trabalho apresentado no último Congresso Brasileiro de Perinatologia, em novembro de 2010. O estudo está sendo publicado em junho nos Anais da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e estará disponível em acesso aberto pela internet para que todos possam consultar as novas tabelas.
Colaboração transdisciplinar, o novo padrão é resultado de um trabalho que além dos médicos envolve também um estatístico da UFF e um engenheiro da Coppe. "A princípio, baixamos o banco de dados do SUS para analisar fatores de risco ao nascimento. Mas logo resolvemos ampliar para desenvolver possibilidade de estabelecer o padrão brasileiro, e fomos nesta direção", fala Elaine, que é Jovem Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ, programa que lhe proporcionou recursos para o trabalho. 
A iniciativa é bastante oportuna. Como bebês de baixo peso, como é o caso de todo prematuro, são vulneráveis a diversas doenças, que podem ter início ao nascimento e deixar sequelas futuras, é preciso haver intervenção médica para evitar que isso aconteça. Mas essa avaliação precisa ser o mais acurada possível. "Os recém-nascidos brasileiros podem ser considerados pequenos, segundo os padrões americanos. E têm tamanho e peso bastante variado, o que reflete a grande diversidade da nossa população, grandemente miscigenada. Os gráficos e tabelas que elaboramos ajudarão pediatras e neonatologistas a identificar se uma criança nasceu com o peso adequado para a idade gestacional correspondente", analisa Elaine. Essa relação indica também se a gestação foi saudável, permite o prognóstico de doenças e, no caso de bebês prematuros, possibilita agilizar o início do tratamento. E, principalmente, por se tratar de dados que abrangem de norte ao sul do País, o trabalho também leva em conta as variações das populações regionais.
"Para os bebês de peso intermediário, não há problema. Mas para aqueles que estão nos pesos limítrofes, um médico pode ser induzido a um engano de avaliação. Um bebê que nasça com peso no limite mínimo de 2,280 kg, por exemplo, mas que no acompanhamento pré-natal veio apresentando peso correspondente à idade gestacional é diferente de outro que, embora com o mesmo peso, é filho de mãe hipertensa ou fumante", explica Elaine. Segundo a pesquisadora, nesses casos, a circulação sanguínea do bebê é prejudicada. O pouco oxigênio que ele recebe é enviado para as áreas mais nobres do organismo, como o cérebro. Com isso, órgãos como o intestino precisarão de certos cuidados quando o bebê nasce. "Ao contrário dos recém-nascidos com peso apropriado, esse bebê não poderá ser alimentado de imediato, nem mamar à vontade. Seu intestino precisará de algumas horas de adaptação antes que ele seja alimentado", explica.
Da mesma forma, um bebê que nasce grande para a idade gestacional pode ser filho de mãe diabética, o que significa que os altos níveis de glicose no sangue materno terminam sendo passados ao bebê, que por sua vez passa a ter taxas de insulina altas. Nesse caso, o nascimento passa a ser um momento crucial, já que esse bebê exigirá cuidados especiais para monitoramento de seus níveis de insulina e glicose. "Com esses cuidados iniciais, o organismo do recém-nascido se adapta e passa a funcionar normalmente. Mas esse é um momento fundamental para o desenvolvimento cerebral. E sem essa intervenção, pode significar problemas crônicos de aprendizado para a criança pelo resto da vida", esclarece. Por outro lado, um bebê grande de mãe saudável, que teve peso correspondente à idade gestacional nos exames pré-natais, pode se constituir em um recém-nato inteiramente saudável, não precisando se submeter a exames mais aprofundados.
Segundo Elaine, já houve, em 1995, uma tentativa brasileira de desenvolver um padrão de peso brasileiro. "Mas ela foi realizada apenas em Brasília e analisou somente 4,4 mil casos, e embora esteja mais próxima da atual, não é tão abrangente como a que fizemos agora." Mesmo o padrão americano, atualmente em vigor, resulta de estudo realizado na década de 1990, com aproximadamente 3 milhões de nascimentos, ou seja, um número bem menor do que o trabalho desenvolvido pela equipe fluminense. Os pesquisadores agora esperam que o trabalho, laureado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, ganhe a recomendação do Ministério da Saúde (MS), para se tornar referência nacional.

Fonte: FAPERJ

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