A agenda não cumprida dia 27, na Câmara dos Deputados, em
Brasília, foi um show de desrespeito a todos os brasileiros e, em
especial, aos profissionais da Enfermagem. A categoria, que deveria ser
a protagonista da pauta do dia, acabou por formar a plateia de um circo
de mentiras, em que alguns canastrões sem qualquer talento para a comédia,
evoluíam descaradamente fazendo do Plenário um picadeiro. Assim, como
espectadores revoltados pela absoluta falta de respeito, a Enfermagem
foi (mal) tratada na Casa do Povo, diante das manobras conduzidas pelos
deputados Arlindo Chinaglia e Jilmar Tatto (ambos de SP), e ordenadas
pelos ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Ideli Salvatti (Relações
Institucionais). Tudo orquestrado pelo governo federal com o objetivo de
derrubar a votação do PL 2295/00, mais conhecido como o Projeto das 30
horas.
A reação das dezenas de manifestantes que lotaram as
galerias da Câmara não passou despercebida. Vaias e gritos de guerra – mostraram claramente
que a classe não vai se conformar e que vem chumbo-grosso por aí: nas
redes sociais, a possibilidade de uma paralisação nacional da categoria
já vem sendo aventada.
Nos discursos que se sucederam por
todo o dia não faltaram elogios à Enfermagem, dando conta da sua
importância para a sociedade. A grande maioria dos parlamentares assumiu
seu voto positivo publicamente. Mas, na prática, a situação era muito
diferente: sórdidas maquinações tramadas nos bastidores, em nome do
governo, acabaram por frustrar os profissionais da saúde, que há 13 anos
batalham pela humanização da sua jornada de trabalho. E, mais uma vez, a
categoria teve que engolir a amarga derrota.
As desculpas
para a não aprovação do PL pelo governo são várias e algumas beiram o
ridículo. A ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti botou na
conta até da crise econômica mundial. Mesmo com um atestado de
viabilidade financeira para a implantação do projeto assinado pelo
Dieese, o governo insiste que a redução da jornada – e consequentemente o
necessário aumento nos quadros da Enfermagem em cerca de 30% - traria
prejuízos bilionários às finanças públicas e privadas, abalando
principalmente as prefeituras, o SUS, os hospitais-escolas e as Santas
Casas. Porém, comenta-se nos bastidores, que a razão de tanto empenho em
jogar contra a jornada das 30 horas está no forte lobby dos setores
privado e filantrópico.
A Enfermagem conhece a sua força e
seu lugar na sociedade. O que pode acontecer se a categoria cruzar os
braços? Nenhum movimento de paralisação neste País poderá se comparar
aos estragos que provocaria uma greve geral de enfermeiros, técnicos,
auxiliares e parteiras. Será que os nobres parlamentares e o Executivo
já se deram conta de que a Enfermagem vai reagir? Que a Onda Branca
sairá às ruas para pedir apoio e explicar à sociedade suas
reivindicações?
O Presidente da Câmara, Marco Maia, garantiu
em Plenário que não descansará enquanto não reagendar a matéria e que pedirá a obstrução das medidas provisórias para trazer
de volta à pauta, o mais breve possível, a votação da jornada de 30
horas. Nas redes sociais, já há um forte movimento para promover a
paralisação total da categoria, às vésperas do próximo agendamento da
votação do PL 2295/00, com o propósito de só retornar ao trabalho após a
tão aguardada vitória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Proprietário deste blog informa que as postagens de comentários são identificadas, cabendo ao autor dos mesmos a responsabilidade pelo teor de seus comentários.
Grato por sua participação.